Exposição em São Paulo provoca reflexão sobre patrimônio

“A Construção do Patrimônio” exibe, na Caixa Cultural São Paulo, a relação permanente entre sociedade e tempo como maneira de constituir nossa herança


(Foto: Paola Vianna)

O ex-presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) Luiz Fernando de Almeida conduziu visita à exposição “Construção do Patrimônio”, de sua própria curadoria e em cartaz na Caixa Cultural São Paulo. A iniciativa realizada na última quinta-feira, 1 de fevereiro, foi seguida por um debate com Anna Beatriz Galvão, doutora em arquitetura e urbanismo pela Universidade de São Paulo.

“A exposição é apenas uma narrativa”, diz Almeida. Ela retrata “a leitura do Brasil do começo do [século] 20 e a leitura do Brasil hoje”. Nela, o visitante pode ter contato com três momentos históricos marcantes: os anteriores à criação do Iphan, o de sua instauração e os posteriores que se estendem até os dias atuais.

O percurso da mostra inicia-se com a citação provocativa de Aloísio Magalhães: “A nossa realidade é riquíssima, a nossa realidade é inclusive desconhecida (…)”. E encerra-se com Mario de Andrade: “(…) mas tudo vai se acabando agora que o Brasil principia (…)”. O público pode conferir documentos, desenhos, esculturas, fotografias e objetos, que estão reunidos de acordo com o período em que se inserem.

Destacam-se obras de Tarsila do Amaral, Cecília Meireles e uma réplica de escultura de Aleijadinho – ícone do movimento Barroco brasileiro. O acervo fotográfico é representado por nomes como Marcel Gautherot, Germano Graeser, Eric Hess e Pierre Verger. No campo da arquitetura, Lúcio Costa e Oscar Niemeyer expressam-se nos registros da obra do Palácio Capanema – Ministério da Educação e Saúde do Rio de Janeiro – com azulejos originais de Portinari.

O debate abordou o significado da preservação no século 21, de que maneira a questão do patrimônio se posiciona perante o futuro e como a sociedade deve tratá-la – citando movimentos sociais como o Cais Estelita e a Casa Modernista, de Warchavchik -, além de relacionar questões multidisciplinares do patrimônio e como ele faz parte do processo de qualificação urbana, atuando não apenas como um elemento pontual, mas em conjunto com a cidade.

Na discussão também foram pontuados alguns dos desafios que envolvem a expansão do conceito de Patrimônio Cultural e como o próprio órgão deve se posicionar nos próximos anos: “O Iphan foi construído dentro de uma instituição nacional que talvez não tenha mais sentido (…). Ele precisa ser fortalecido, mas a gente precisa de um processo de descentralização de competência, de capacidade, de reflexão, de pensamento (…)”, disse Almeida.

 

A Construção do Patrimônio
Local Caixa Cultural São Paulo – Galerias Florisbela e D. Pedro
Endereço Praça da Sé, 111, Centro – São Paulo (SP) (Próxima à estação Sé do Metrô)
Visitação 10 de janeiro a 4 de março de 2018
Horário Terça-feira a domingo, das 9h às 19h
Telefone (11) 3221-4400
Entrada Franca; Classificação indicativa Livre; Acesso para pessoas com deficiência