David Lynch retrata paixão pela arquitetura industrial

Com a linguagem sombria e enigmática que lhe é peculiar, cineasta lança exposição focada na decadência de estruturas fabris abandonadas, e sua reaquisição pela natureza

Tubos destacados e alvenaria quebrada: estes são alguns dos elementos da nova série fotográfica de David Lynch. Intitulada “David Lynch: The Factory Photographs”, a exposição está em cartaz até o dia 30 de março na The Photographer’s Gallery, em Londres, e conta com a curadoria de Petra Giloy-Hirtz.

Nela estão retratados interiores e exteriores de estruturas industriais de diversos lugares do mundo – como Alemanha, Polônia, Estados Unidos e Inglaterra –, mostrando a obsessão do cineasta pelo tema.

As fotografias, todas em preto-e-branco, estão diretamente relacionadas à linguagem visual enigmática e sombria que Lynch adota em seus filmes. Segundo o cineasta, a obsessão por fábricas veio após a filmagem de seu segundo longa-metragem, “The Elephant Man”, quando ouviu a respeito da zona industrial britânica: “Sempre ouvi que o norte da Inglaterra tinha grandes fábricas. Que era um lugar feito de fogo e fumaça, apenas beleza pura”, explica.

“Existem formas e texturas em fábricas que são muito pictóricos”, afirma Lynch, chegando a compará-las com catedrais. Para ele a decadência é fantástica, e o foco de suas imagens está na beleza da maquinaria enferrujada e na lenta reaquisição de espaços abandonados pela natureza. “Eu adoro a indústria, canos, fluídos e fumaça. Adoro coisas feitas pelo homem, e também gosto da lama e dos resíduos deixados por ele”.

A trilha-sonora escolhida para a exposição é a faixa Station, do álbum “The Air is on Fire” do próprio Lynch, que amarra os pequenos detalhes presentes nas ruínas. A música conta com amostras mecânicas intercalando-se com murmúrios eletrônicos.